sábado, 22 de setembro de 2012

Cozinhando para Emagrecer...

Saudações...


Dizem que velhos hábitos são difíceis de mudar e comer, para um ex-gordo, dá para dizer que é um destes. Para muitas pessoas que lutam contra a balança, o principal motivo por largarem seus regimes e desistirem de lutar contra os quilos que tendem a se somar com muito mais facilidade do que subtrair é justamente por estarem envolvidos emocionalmente com a comida. Muitas vezes não uma comida qualquer mas sim o velho e famoso "trash food".

Se para alguém que está de regime, já é difícil ganhar a batalha contra as famosas batatinhas do MC Donald's ou mesmo aquele milk shake de Ovomaltine do Bob's, imagine então para um bariátrico, o qual deve seguir uma religiosa dieta pós-operação?



Para quem não sabe, o primeiro ano de operado é regrado por três motivos: 1 - Seu corpo foi esfaqueado por dentro e você está em recuperação. 2 - Você tem que perder peso com saúde. 3 - Você deve reaprender a comer. Não entendo hoje o porquê, mas hoje em dia vejo cada vez mais pessoas que passam por um procedimento bariátrico já inseridos nas porcarias nos primeiros meses, achando que podem tudo e que jamais irão engordar novamente. ERRADO!

Lembro-me que os primeiros meses depois que voltei as refeições sólidas, era uma dificuldade para comer. Peixe ia bem assim como carboidratos em geral. Entretanto carne vermelha já não descia (e até hoje não desce) tão bem quanto antigamente. Se a churrascaria no passado era um lugar que eu adorava frequentar (assim como minha esposa adora a Zutti), hoje em dia está mais para cemitério, quando a gente visita não é para ir fazer festa.

Enfim, durante os meses que se sucederam a minha operação, eu estava tão destinado a mudar de vida que os anúncios de comidas, redes de lanchonetes e a famosa coxinha de terminal de ônibus já não me davam água na boca. Porém, algo que eu sempre fui fã foi de doces e acabei por não ficar intolerante a eles depois da minha cirurgia (tenho amigos que tem dumping toda vez que comem doces, eu não).

Então, se eu fosse pesar como andava minha relação com a comida, já dava para notar que algo não estava legal. Eu já não comia mais para ter prazer e sim porque precisava sobreviver. Isso para muitos parece (e deve) ser normal, mas para mim, aquela mudança estava longe de ser algo esperado. Não, eu não fiquei deprimido ou mesmo tive recaídas ou qualquer outra coisa do gênero. Simplesmente aprendi a conviver com a comida, ou a falta dela, de outra forma. Aprendi que, COZINHANDO, era possível estar próximo a algo que me completou durante anos sem que eu precisasse estar comendo.

Como num passe de mágicas, a pessoa que antes somente fazia um Strogonoff (que meus filhos dizem ser o melhor do mundo, particularmente) e fritava ovo com roupa de amianto, tornou-se um exmo cozinheiro não apenas de pratos salgados mas principalmente de pratos doces.

Beijinho de coco, brigadeiro, bala de coco tipo puxa-puxa e doce de amendoim foram alguns dos doces que me tornei especialista (ok, ok... só foram estes). Minha esposa e as crianças ao mesmo tempo que adoravam quando eu ia para cozinha preparar a sobremesa do dia, também reclamavam que quando eu encarnava em um doce, só fazia aquele.

Os colegas do escritório também eram minhas vítimas. Durante semanas e mais semanas, eu levava não apenas os doces de minha autoria mas também levava caixas de bombons e outras guloseimas, deixando a vontade para todos comerem.

Em casa, a mesma coisa. Gostava de estar na cozinha. Gostava (e ainda gosto) de fazer churrasco. Não porque eu como mas sim porque vejo os outros comendo e se deliciando com o que preparo e isso, de certa forma, me alimentava e me saciava sendo que para me sentir satisfeito eu não precisava comer. Estava satisfeito apenas por ver os outros comendo aquilo que eu preparava. Nada me dava maior prazer do que levar um pote de doce de amendoim para o escritório e ver o pessoal destruindo-o. Claro, eu pegava um ou dois, porém em nada se comparava aquele cara que comeria o pote todo alguns anos atrás.

O que eu aprendi nos últimos quatro anos é que não devemos nos privar da comida. Devemos é tê-la como nosso maior amigo. Isso significa estar perto dela e não "estar degustando-a" toda hora. A forma que encontrei foi justamente de estar inserido na cozinha, cozinhando. Assim, eu não ficava com vontade de comer e ao mesmo tempo via que a comida estava ali, criando uma sinergia entre nós dois, unindo-os sem que aquilo me engordasse.

A um tempo atrás li uma frase que as vezes penso quando estou prestes a meter o pé na jaca sendo que não quero:

Trinta segundos de prazer na boca, 2 horas no estômago e o resto da vida no corpo.

O pensamento acima é interessante e já me salvou algumas vezes.

Para finalizar, deixo abaixo a receita de doce de amendoim da minha avó, que além de muito boa é excelente como fonte de carboidratos para ser comida durante uma prova de Mountain Bike por exemplo:



Doce de Amendoim

Ingredientes:
500g de amendoim com casca (Preferencialmente Yoki ou Jandira, vai por mim)
2 xícaras de açucar
1 lata de leite condensado

Modo de preparo:
Moa o amendoim aos poucos no liquidificador. Não moa tudo de uma vez. A intenção não é fazer virar farelo mas sim deixar pequenos pedaços de amendoim e um pouco de farelo. Em seguida, leve em fogo alto, misturando com o açúcar. Torre-o até ver que mudou de cor. O amendoim irá ficar um pouco amarelado e haverá cheiro de açúcar queimado. Neste momento, misture todo o leite condensado.

Continue mexendo, fazendo com que tudo vire uma pasta uniforme. Mexa até desgrudar da panela, para dar o ponto e depois coloque em uma forma untada com manteiga (para não grudar). Ao jogar na forma, utilize um pano de prato umedecido (minha esposa adorava quando eu fazia isso pois o pano ficava imprestável depois) para ir abaixando o doce, deixando-o espalhado por toda a forma. A melhor altura para o doce é entre um a dois dedos, pois assim ficará fácil de cortar e também ficará gostoso para saborear.

Após espalhar tudo pela forma, coloque um outro pano de prato por cima e deixe-o esfriar por algumas horas. Não é bom comer o doce quente pois dá uma dor de barriga tremenda (acredite, já fiz a experiência).

Depois de frio, corte em cubinhos e sirva! :)

Repita a operação em caso de sucesso.

Espero que de certo. hehe



Até a próxima!

2 comentários:

  1. Nossa! Achei que eu era louca.....rsrsrs....tenho 6 dias de operada, bay-pass, e me sinto exatamente assim. Vendo as pessoas comerem ou fazer algo para elas comerem me sinto realizada, saciada. Durante a dieta liquida pré cirurgica, num dia fui a casa da minha avó depois de um churrasco que ocorreu por la e tinha um feijão tropeiro que parecia maravilhoso....ninguém quis comer prá eu ver...fiquei frustada! rsrsrs

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    1. Oi Maristela, bom dia. Como anda sua recuperação? Espero que tudo bem. O importante é você estar se sentindo bem e melhor ainda é ter maturidade para assumir uma nova postura em relação aos alimentos. Comemos porque precisamos. Boa sorte para você já que provavelmente já passou da pastosa e deve estar começando a curtir os alimentos novamente. Um abraço.

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Desde já agradeço seu comentário!

Obrigado e até mais.
Guilherme Baron