quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Cirurgia Bariátrica, o começo... decisões e processo...

Saudações...

Pare e olhe um pouco as seguintes fotos:

Novembro/2005

Janeiro/2007

Junho/2008

Os três momentos acima mostram momentos felizes em minha vida. Sempre fui uma pessoa feliz comigo mesmo e sempre tive outros motivos que me preocupassem a minha volta do que realmente com a minha pessoa. Nunca fui uma pessoa preocupado se era gordo ou muito gordo. Minha preocupação sempre foi com os que estavam a minha volta e no caso a minha família teve, e sempre terá, um peso muito grande nas minhas atitudes e decisões.



Foi justamente por ela, minha família, que em 2008 eu resolvi que era hora de mudar de vida. Até os 30 anos de idade meus exames médicos apontavam uma normalidade dentro do limite, se bem que haviam dois anos que já tomava diuréticos para controlar a pressão. Entretanto quando virei a barreira dos 30, todos os exames explodiram e meu médico, o qual já me acompanha a 15 anos, deu o ultimato dizendo que ou mudava de vida ou a vida me forçaria a mudá-la.

Enfim, decidi em Março/2008 que mudaria e que a cirurgia seria minha saída. Para muitos aquilo pareceu uma ação radical demais. Meus familiares diziam que eu estava maluco, que não era necessário e outras coisas do gênero, entretanto eu sabia e estava decidido a mudar.

Compartilhei com minha esposa a ideia. Não posso dizer que aceitou 100% na hora porém me respeitou e fomos conversar com o médico. Durante a conversa, expus minha opção pela cirurgia e o mesmo explicou como seria o processo. No meu caso, a melhor cirurgia seria a técnica de Capela (ou Bypass). Isso pela minha idade, condição de adaptação e recuperação enfim... não é o paciente que decide o que quer fazer mas sim o médico responsável e coerente. Isso é o mais importante e é a primeira coisa que alguém que deseja partir para o bisturi deve saber.

Após minha consulta, cerca de uma hora depois de sentar na frente do médico e expor minha vontade. Saí de lá com duas solicitações de encaminhamento. Uma para conversar com um endocrinologista (para avaliar minha condição) e outra para conversar com o psicólogo (para avaliar meu emocional). No meu caso, a cirurgia seria paga pelo plano de saúde (Unimed) e os laudos do psicólogo, endocrinologista, cardiologista (dependendo da idade e quadro de saúde) e nutricionista eram (ou ainda são) necessários para a liberação.

Passados alguns dias, comecei o processo de "entrevistas". Fui conversar com o endócrino recomendado pelo médico. No passado, tive um endócrino que me acompanhou durante uns 4 anos e durante aquele tempo consegui perder peso e me manter estável. Porém preciso admitir que o efeito sanfona me pegava e voltava a engordar. Hoje em dia eu sei o porquê disso. Simplesmente eu não mudava minha vida, apenas tentava controlar a alimentação e isso não funciona. No caso para a cirurgia, conversei com o endócrino recomendado. Fiz alguns exames solicitados por ele, entrevista... e basicamente após 2 horas de consulta e avaliação médica, estava com o laudo em mãos, me liberando para a cirurgia.

Depois fui conversar com uma psicóloga. Na época conversei com uma psicóloga não ligada a área de cirurgias e "distúrbios" alimentares justamente para ter uma opinião mais sólida e menos "viciada". Fui visitar uma psicóloga recomendada por alguns conhecidos e tive uma sessão de mais ou menos 2 horas com ela. Antes desta sessão porém (alguns dias antes), ela ligou ao meu médico para querer saber mais sobre o que ela precisaria abordar e o que ele estava procurando saber (isso eu só fiquei sabendo depois, beeem depois). Então, durante minha entrevista, conversamos sobre minha vida, minha família, meus hábitos... sempre fui uma pessoa bem resolvida e de bem comigo e com meu espírito. Além disso, sempre deixei claro para mim mesmo que estava partindo para a cirurgia por uma questão de saúde e não estética. Nunca fui infeliz, pelo contrário, sempre fui feliz, rindo da vida e das dificuldades e superando-as a cada dia. Depois da minha consulta, a psicóloga disse que iria avaliar e depois me passaria o laudo. Disse que haviam pessoas que as vezes necessitavam de 5, 10 consultas pré-cirurgia porém eu me mostrava decidido, determinado e sabia o que queria. Alguns dias depois, meu médico recebeu o laudo me liberando para a cirurgia.

Após as consultas com o endócrino e com a psicóloga, voltei ao médico. Levei o laudo do endócrino e como ele já estava com o da psicóloga, passamos para a "fase 2" do projeto "Vida Nova". Ele me deu novos formulários. Agora, eram os formulários para a liberação junto a Unimed, os quais eu deveria ir liberar e apresentar os laudos. Além disso também me deu o encaminhamento para a nutricionista da Unimed, que me acompanharia e seria responsável pela minha dieta pré e pós cirurgia.

Marquei então com a nutricionista recomendada pela Unimed, Caroline Wellner. Em minha primeira consulta, acredito que uns 10 dias antes da cirurgia, conversamos por pouco mais de uma hora. Ela quis saber sobre a cirurgia, os porquês de fazer e me passou a dieta que deveria adotar cerca de 48 horas antes da cirurgia (basicamente nada de álcool e também evitar gorduras e comidas pesadas) e os primeiros 15 dias de alimentação após sair do hospital. Era uma dieta líquida, basicamente eu beberia 50ml (equivalente a um copinho de café) a cada 30 minutos, desde a hora que eu levantasse até a hora que fosse dormir, de água, água de coco, caldinho coado de sopa, sucos naturais (coados), caldo de feijão (coado) e também um suplemento nutricional que me rendia cerca de 300kcal por dia. Por mais radical que possa parecer, estes cuidados são necessários por alguns motivos:

  • Como o estômago está cheio de pontos, a alimentação não pode comprometer o processo de recuperação;
  • É necessário partir para uma reeducação alimentar;
  • É uma mudança de vida;
  • O estômago operado, precisa "aprender" a trabalhar novamente.
Depois de nossa consulta, me passou também a sua autorização para eu proceder com a cirurgia.

Enfim, uns 5 dias antes da cirurgia fui na Unimed munido dos formulários que o médico havia me passado (requisição de liberação, indicação de CID e outras coisas do gênero) e também todos os laudos (Nutri, Psico e Endócrino). Dei entrada no processo e em 48 horas teria a liberação.

Três dias antes da cirurgia fui almoçar com uns amigos em uma churrascaria próxima ao trabalho. Não que aquele fosse meu almoço de despedida mas até porque seria o último almoço que comeria carne vermelha antes da cirurgia (e também seria a última vez que comeria uma quantidade relativamente grande de carne vermelha de uma só vez, hehe). Posso dizer que não abusei. Aquilo não era uma despedida da comida, apenas um "até breve".

Após as 48 horas, entrei em contato com a Unimed e descobri que eles queriam um laudo do cardiologista. Voltei então ao meu médico e o mesmo contestou a solicitação dizendo que se ele não precisava do laudo, não seria a Unimed a precisar. Ele então ligou para a Unimed e eles liberaram o procedimento.

Enfim, 24 horas antes da cirurgia, fui ao hospital parar conversar com o anestesista. Ele me explicou como seria o procedimento, me falou da anestesia e tudo mais e pronto. Fui embora após pouco mais de 30 minutos de conversa.

No dia da cirurgia, internei pouco após o meio-dia. Fui para o quarto, estava com minha esposa. Não posso dizer que eram meus últimos momentos de gordo pois não tava tirando gordura, apenas cortando o estômago hehe. Mas sabia que após voltar da sala de cirurgia, alguma coisa mudaria e quando fosse voltar para o quarto, deixaria algo para trás. No meu caso... eu iria deixar o fantasma da obesidade.

Quando a enfermeira veio me buscar, trouxe aquela roupa que deixa a gente de bunda de fora e também me deu um comprimidinho para tomar (me senti como no Matrix quando o Morfeu oferece a pílula para o Neo). Me troquei e depois de algum tempo a mulher veio me buscar. Beijei minha esposa, disse que a amava e fui para a sala de cirurgia. Isso deveria ser por volta das 15 ou 16 horas. Meu médico me recepcionou, assim como o anestesista e o resto da equipe. Eu estava tranquilo, feliz e conversando normalmente. Lembro-me de deitar na mesinha, esticar o braço, escutar o anestesista dizer que eu ia sentir um "pic" e ...........................................................

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Acordei, acho que eram quase 22 horas... estava entubado e na UTI do hospital. Estava grogue, bobo ainda por causa da anestesia. O médico de plantão me olhou e recomendou a enfermeira que eu continuasse entubado até o dia seguinte. Eu estava amarrado na cama (para não retirar o tubo da garganta) e a não sentia nenhuma dor, nada... a única coisa que me incomodava era justamente aquele tubo na minha boca. Enfim, voltei a dormir (ou melhor, tentar) e lembro-me que os enfermeiros vinham regularmente olhar meu estado, tirar pulso, verificar coração e tudo mais...

O momento cômico da noite ficou para uma enfermeira que, após me avaliar... pegou minha coberta e de forma carinhosa me cobriu inteiro (eu estava com a coberta sobre o peito mais ou menos) até o pescoço. Mal sabia ela que eu já estava com calor e como não podia falar... e o local estava escuro... ela não viu minha cara de aflição quando terminou de me cobrir. Na manhã seguinte, uma outra enfermeira me viu suando, perguntou se eu estava com calor e então me salvou, abaixando a coberta. hahaha. Foram momentos de tensão!!! 

Na manhã seguinte, a médica de plantão veio me visitar e sua primeira providência foi me desentubar. Pior que estar entubado é a sensação do tubo saindo da guela. Que treco ruim!!!!! Mas tudo bem... pelo menos não precisava mais ficar amarrado na cama. Entretanto eu ainda usava um dreno e não sabia quanto tempo iria ficar naquela UTI (fiquei 2 dias). Durante o período na UTI, as visitas eram de apenas 15 minutos. Infelizmente enquanto estive lá, ouvi um paciente falecer (era um senhor idoso já, morreu de velho graças a Deus), não sem antes receber toda a atenção da equipe, incluindo massagem cardíaca, e também pude ouvir a famosa frase de "- Hora da morte: 22:35". Isso foi muito obscuro.

Bom, após sair da UTI, passei mais 2 dias no quarto. Ainda não comia nada, estava apenas no soro. Pelo menos já podia receber visitas e minha esposa pode ficar comigo direto. Não tinha dores, nem nada. Tinha alguns pontos na barriga (a cirurgia foi via videolaparoscopia) e ainda estava com o dreno no lado esquerdo. Sentia um incomodo no meu ombro esquerdo apenas (doía, pensei que tivesse caído da cama na mesa de cirurgia ou algo assim).

Enfim, meu médico me liberou para ir para casa. A partir daquele momento deveria seguir a dieta líquida receitada pela minha nutricionista e também voltar ao consultório do meu médico dentro de 7 dias para retirar os pontos e o dreno. Eu não tinha dores e também não tinha fome. Os dias a seguir foram de repouso absoluto e passava quase todo o tempo sentado ou deitado assistindo televisão e bebendo o copinho de líquido a cada 30 minutos.

Este post foi grande, mas pelo menos espero ter esclarecido como funcionou desde a hora que decidi fazer a cirurgia até sair do hospital.

Depois conto mais sobre como foi o pós operatório...

12 comentários:

  1. Olá Guilherme,a unimed bancou a anestesia também da cirurgia?
    Tenho unimed também

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    1. Olá Nana,

      Sim, na época a Unimed cobriu tudo. Minha única despesa foi com a instrumentadora que paguei, se não me engano, R$ 200,00. Fiz outras cirurgias depois para corrigir hérnias e nunca precisei pagar nada mais que a instrumentadora.

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  2. Olá, primeiro parabéns pelas conquistas! Vc poderia me indicar o cirurgiao e endocrinologista que lhe atenderam, se preferir me passa as indicações no email viviholtz@yahoo.com.br
    Att,

    Vivian

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    1. Olá. Eu operei em Curitiba com o Dr. Sérgio Luiz Rocha. Excelente profissional e referência nesse assunto. Um abraço.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Não entendi por que você ficou na UTI, teve complicações? E quanto tempo levou pra você marcar a cirurgia.
    Também quero saber o seguinte, falta apenas 9 meses para o meu plano acabar, sera que da pra fazer a cirurgia?

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    1. Olá. Eu fiquei na UTI porque o meu médico me encaminhou para ela. Não tive nenhuma complicação, apenas procedimento do médico para garantir 100% de assistência.

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  5. Oi Guilherme... Sou do Paraná e estou a procura de um cirurgião bariatrico pela Unimed em Curitiba... Vc poderia me passar o contato do seu médico, por favor? Se preferir me mandar por email é jugomesprof@gmail.com
    Obrigada! E parabéns pela força!!!

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    1. Olá, pode procurar o Dr. Sérgio Luiz Rocha em Curitiba. Excelente profissional e foi com ele que operei.

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  6. oi se vc for de sp me passa as clinicas da unimed do psicologo

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    1. Olá. Sou de Curitiba. Não tenho ninguém em São Paulo para recomendar, desculpe. Um abraço.

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  7. oi se vc for de sp me passa as clinicas da unimed do psicologo

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Desde já agradeço seu comentário!

Obrigado e até mais.
Guilherme Baron