quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Recomeçando, sem nunca ter parado...


Saudações...


Em meados de Junho, quando estava traçando as metas para o segundo semestre montei um calendário de provas que gostaria de participar bem ousado. Entre elas haviam quatro provas chaves:

Início de Agosto - Triathlon Olímpico de Inverno de Caiobá
Final de Setembro - Maratona de Florianópolis
Meados de Novembro - Maratona de Curitiba
Início de Dezembro - Triathlon Olímpico de Verão de Caiobá

O plano era audacioso. No meio do semestre eu teria duas Maratonas com uma diferença de 6 semanas entre elas. Apesar de tudo, eu sabia que este espaço de tempo entre uma Maratona e outra era pouco mas pensei que com o treinamento certo, poderia fazer tudo dar certo.



Após a Maratona de Florianópolis, tirei duas semanas de folga, com treinos leves de 30 minutos a cada dois dias para descansar. Após estas duas semanas, eu voltaria a fazer treinos não para pegar velocidade mas apenas para manter o volume e me preparar para enfrentar Curitiba. Na minha cabeça, estava tudo certo e pronto para encarar o desafio.

Porém, nem sempre o que queremos, conseguimos. Antes de enfrentar Florianópolis, já havia participado de duas outras grandes (e desgastantes) provas: Maratona de Curitiba em Novembro/2011 e o Long Triathlon de Caiobá em Abril deste ano. Em ambos os casos, a sensação de podre, de quebrado, após a prova dura semanas. Simplesmente não rendemos pois o desgaste não é apenas físico e sim muito emocional. Talvez os atletas de elite ou mesmo outros que tenham mais tempo de estrada não sintam isso e como não é o meu caso, após a Maratona de Curitiba ano passado acho que passei umas 4 semanas imprestável e após o Long de Caiobá foram umas 6 semanas até voltar a pegar algum tipo de ritmo novamente. Os treinos não rendem, você tenta fazer algo e não consegue... enfim, fica difícil.

Com a Maratona de Florianópolis, a sensação foi a mesma. Após a prova, após as duas semanas, tentei voltar e não consegui. Tentei correr 10km e não cheguei a 6km em um dia. Em outro, era para correr 1 hora e foram apenas 40 minutos e olha lá... não ia, não dava. Talvez por coincidência, mas também estava com problemas relacionados ao trabalho e por ficar longe de casa durante a semana toda, tudo isso afetou o emocional. Foi durante um treino de 60 tiros de 200 metros, com 20 segundo de intervalo que tudo veio abaixo. Cheguei no meio do treino e estava imprestável, não dava mais para continuar. Sentei, abaixei a cabeça e chorei. As emoções estavam a flor da pele. A sensação era péssima, uma somatória de tudo estava me afetando emocionalmente. Estar longe de casa, longe da família, morando durante a semana em um quarto de hotel, o corpo não estar bom e não render, tudo isso simplesmente fez uma salada em minha mente que contribuiu para uma noite muito mal dormida, com um sentimento de culpa absurdo e a vontade que tinha era simplesmente de largar essa história de correr, nadar, pedalar... o que eu apenas queria era voltar para casa, abraçar minha esposa e jogar video-game com meus filhos.

Foram dias difíceis, de muita pressão. Conversei com minha esposa pelo telefone, que me confortou muito e também conversei com uma amiga de corridas, a Pri, a qual é outra metida nas grandes distâncias e dificuldades. Tudo me ajudou a arrumar os pensamentos e ver o que eu deveria fazer.

Sim, passados alguns dias estava melhor. Estava com as idéias refeitas e parece que do nada, estava muito melhor. Neste momento, eu havia tomado uma decisão. Provavelmente não iria fazer a Maratona de Curitiba e iria esperar um treino de 34km no domingo (estava na sexta-feira ainda) para ver se teria condições ou não de seguir em frente com o plano. Incrível mas não estava mais carregando um fardo pesado nas costas, estava com a mente tranquila. No domingo, saí para rodar em prol do meu treino. Iria participar da Corrida do Material Bélico de 10km. Sairia de casa correndo, faria a prova e voltaria. Eram 12km para ir, 10km de prova e 12km para voltar. Dependendo de como eu estivesse me sentindo, seguiria em frente ou largaria de vez a idéia da Maratona.

Domingo chegou, a prova era as 8:30. Acordei as 5, tomei café e voltei a dormir. Acordei novamente as 6:20, me arrumei e as 7 em ponto saí de casa. Ritmo tranquilo, peguei o rumo para a prova. Teria 1:30 para chegar até lá então sabia que o tempo era mais que suficiente. No caminho, encontrei meu grande amigo Leandro, que o esporte fez o favor de me apresentar, que estava de saída para Caiobá para um simulado de triathlon. Trocamos algumas palavras, ele pegou o rumo dele e eu o meu. O caminho até a prova foi tranquilo, seguindo um ritmo bom de 5:10min/km, cheguei com certa antecedência até o quartel onde a largada aconteceria. Pude conferir com meus próprios olhos os tiros de canhão dados para a largada dos 5km e me posicionar para a largada dos 10km em seguida. 8:40, o canhão é disparado novamente e começo a prova, de forma tranquila faço as duas voltas de 5km da prova. Infelizmente no meio do caminho, com quase 3km de prova encontro uma moça desacordada no chão, amparada por seu companheiro (marido provavelmente) a espera da ambulância. Não sei o que houve mas pelo menos cruzei novamente com o casal depois e após perguntar se tudo estava bem, fiquei feliz em saber que sim. 53 minutos após começar o canhão disparado em nossa largada, cruzava a linha de chegada. Um tempo bastante acima do que estou acostumado a fazer em provas de 10km mas contando que já havia corrido 12km antes e tive um hiato de uns 30 minutos entre as duas pernas da corrida, tudo bem. Era tudo treino. Comi umas bananas, tomei água e após isso, saí em direção a minha casa e tudo o que nos separavam agora eram "apenas" mais 12km.

Voltei a correr e de quebra já sentia que algumas coisas não estavam legais. Os meus músculos abdutores começaram a dar sinais de cãibras, mas tudo bem... vamos em frente. Após uns 3km, encontrei um caldo de cana o qual foi parada obrigatória não apenas para repor eletrolítios perdidos mas também porque sou fanático por isso, hehe. De volta a estrada, após uns 2km, a barriga começou a dar sinais que precisava de uma parada estratégica em algum banheiro. Encontrei um posto que tinha um banheiro limpo (quando cheguei, não quando saí) e novamente depois de mais uns 2km, não dava mais. Estava esgotado, cansado, começando com cãibras nas pernas e aí decidi parar. Estava apenas a uns 5km de casa mas o telefone público estava mais próximo e pela primeira vez em mais de dois anos correndo, tive que chamar o "reboque", eheh. Comprei um sorvete de limão, sentei e esperei. Ali, naquele momento, havia tomado minha decisão: Não participaria da Maratona de Curitiba.

Conversando com alguns amigos posteriormente e ao contar sobre minha decisão, alguns me repreenderam. Disseram que ainda era cedo e que teria algumas semanas para treinar até a Maratona, podendo completá-la tranquilamente. Sim, eu sabia disso. Eu poderia ir e completá-la mas valeria a pena? Não, pelo menos não para mim e para os meus planos. Não queria apenas completar mais uma Maratona, não era essa a intenção. Minha intenção não é ganhar ou mesmo pegar algum pódium em uma Maratona, mas também não dá para ir "passear" nos 42.195 metros. O tempo e a distância é muito desgastante e com certeza se eu fizesse isso, iria jogar a minha prova do Triathlon Olímpico de Dezembro no lixo.

Passada a euforia e a pressão (minha, apenas minha) para correr a Maratona e tomado a decisão de seguir em frente, larguei os treinos longos e retomei os treinos para o Olímpico. Voltei a pegar firme na natação, os treinos de corrida passaram de repetições e mais repetições para séries mais curtas e intensas e também de horas e horas para metade do que fazia antes. Pedalar voltou para o curriculum também e tenho plena convicção que tudo corre conforme o planejado para fazer uma boa prova em Dezembro e que com certeza melhorarei o meu tempo de 2:39 horas da etapa de Inverno.

O mais incrível de tudo é que, após desistir da Maratona de Curitiba, me sinto revigorado e pronto para encarar o Olímpico daqui 5 finais de semana. Semana passada retomei a natação e os treinos tem rendido em média 2000m divididos em 500m de aquecimento e séries com palmares e tiros de 25m e 50m no meio e depois mais 500m para finalizar. Na corrida, fartlek alternando entre 10km/h para descansar e 15km/h para pegar ritmo a cada 200m, 300m tem sido interessante.

Enfim, o mais importante é não apenas achar que tudo está bom quando na verdade não está. O importante é tomar as decisões certas e sei que largar a idéia da Maratona de Curitiba foi a mais correta possível, até porque, minha antiga treinadora jamais deixaria eu correr estas duas provas de forma tão seguida! :) La no fundo, eu sei que ela estava certa mas muitas vezes temos que sentir na pele para poder tocar o barco.

As próximas semanas serão de treinos intensos e tentarei manter de 5 a 6 vezes por semana. Considero a prova do Triathlon Olímpico como uma Meia Maratona. É ótima, show de fazer. Não é tão curta como um Short e também não tão longa quanto o Meio Iron que fiz em Abril passado então é perfeita. Tem que ter treino e encarar com seriedade. Minha estratégia para esta prova será de fazer uma natação séria, muito boa e forte, saindo para pedalar bem e depois correndo muito bem. Ao contrário de outras provas deste ano, conseguirei continuar nadando até a semana da prova e isso ajudará a manter o preparo na água.

Vamos lá, o ano ainda não acabou!!!! Bola pra frente.


Abraços e até a próxima...

6 comentários:

  1. Decisão correta parceiro... sou triatleta e não pretendo fazer maratonas na minha vida... pois para mim parar de pedalar é como arrancar um braço ou uma perna... não teria paciência para treinar somente para a maratona... fiz o Ironman, porém acredito que o desgaste da Maratona é infinitamente maior...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Marlus, realmente é um desgaste tremendo mas acho válido já que para mim é um exercício mental brutal e que me ajuda a fortalecer meus objetivos e correr cada vez mais rápido atrás deles.

      E sobre o Iron, em 2014 a gente vai largar junto lá em Floripa! ;)


      Abraços

      Excluir
  2. Uma grande lição do que é fundamental e do que é importante! Família acima de tudo, nela esta a nossa forca. Parabéns amigo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Paulo, verdade cara. A família é muito importante para dar o apoio e o incentivo que precisamos nas horas mais difíceis.

      Um abraço

      Excluir
  3. Bocão, sua atitude me enche de orgulho e me ajudam a focar o meu futuro.
    Não é fácil abrir mão d ealgo qu enos parece bom, mas que pode trazer consquencias desastrosas. Ainda bem que você tem uma família que te ama e que te dá prazer em conviver.
    Agora que você escolheu um foco, segue nele e bora se realizar!

    Deus te abençoe!

    ResponderExcluir
  4. Olá Luiz, obrigado por seu comentário.

    Realmente não é fácil deixar de lado um sonho. A Maratona de Curitiba para mim é mística. Por ser a prova da minha cidade, sempre foi meu objeto de consumo desde que comecei a correr. Ano passado corri e este ano queria me superar porém, como o destino as vezes muda nossos planos, não será este ano que ganharei de mim mesmo, hehe.

    Um grande abraço e tudo de bom pra você.

    ResponderExcluir

Desde já agradeço seu comentário!

Obrigado e até mais.
Guilherme Baron